Acredito que depois de ler tudo que tenho para dizer sobre esta música, sua interpretação irá mudar completamente.
Até hoje considero esta a minha mais perfeita música instrumental, que conseguiu passar todos os sentimentos propostos do início ao fim sem dizer uma única palavra.
Dungeon Master é um jogo do MSX que marcou a minha infância como também de diversos grandes amigos. Jogávamos diariamente e por mais de um ano ininterrupto praticamente respirávamos este jogo.
Teoricamente, foi um dos primeiros jogos Multiplayer (com mais de 2 players) que existiu, onde jogávamos 3 players localmente e nos aventurávamos por calabouços cada vez mais distantes e perigosos.
Todos estes jogos de RPG que fazem tanto sucesso hoje devem algo para este incrível jogo. Do Zelda passando por Diablo ao WOW todos se assemelham muito com o Dungeon Master.
Bem, mas o que isso tem a ver com a música?
A primeira impressão que se tem do jogo não é muito boa, parece bobo, uns bonequinhos coloridos andando por um labirinto e uns fantasminhas e ratos também coloridos, não é muito convidativo.
Mas conforme vai jogando vai entendendo como funciona, as armas, os personagens, poções, anéis, chaves, magias, monstros... e fica realmente legal de se jogar, e com mais 2 amigos então era algo sensacional.
Depois começamos a nos aventurar em níveis mais obscuros, vem o medo de morrer após conquistar algo valioso, e isso virava pavor/desespero ao encontrar solto num corredor um "demônio vermelho".
Também exigia estudo para conhecer os mapas e traçar rotas mais rápidas e seguras e nos aventurar em mapas desconhecidos, ter que encontrar chaves específicas, levava tempo e não só muito trabalho mas estudo em equipe.
Quantas vezes nos planejávamos por horas, dias, semanas e na hora dava tudo errado, amigos morriam no caminho ou o caminho não nos levava para onde esperávamos.
E isso tudo eventualmente nos levava até uma última sala do último nível onde tinha um Dragão Branco, e ao matá-lo éramos recompensados com um Anel Branco, o que recuperava tanto energia quanto magia, e de uma certa nos tornávamos extremamente mais fortes para então chegar ao level máximo que era 255 e nos considerar imortais.
Com o tempo quase todos nós fomos conseguindo fazer nossos personagens conquistarem tudo isso, e fomos parando de jogar, e a cada vez eram menos que jogavam, amigos se mudavam, tentativas frustadas de jogarmos juntos e quando conseguíamos não levávamos muito adiante, até que voltamos a jogar sozinhos de uma maneira nostálgica e melancólica, até que nunca mais jogamos.
O que nos trás um sentimento com uma mistura de tristeza com felicidade, tristeza de não mais poder jogá-lo com os amigos e nos divertir por horas juntos como fazíamos quando éramos moleques, e felicidade de ter podido viver tudo isso com grandes amigos por tanto tempo.
A música consegue reproduzir (pelo menos para mim) tudo isso, iniciando boba, logo depois se torna interessante e logo já fica bem legal. Seguindo ela passa o medo e o desespero que vivíamos em nossas aventuras, como também a busca pelo incerto, de ir e vir sem saber de fato para onde ir e até mesmo dar de cara num beco sem saída. Então vem felicidade, satisfação e alívio de finalmente conquistar um anel branco, e a melancolia final, nostálgica que mostra como infelizmente tudo acabou e somente sobrou esta doce lembrança em nossos corações, e a certeza que valeu muito a pena viver cada uma dessas aventuras ao lado de grandes amigos.
Obrigado por ter dedicado seu tempo em ler até aqui.
credits
from eXperience,
released February 2, 1998
First Keyboard solo from MSX game Dungeon Master
Written & Produced by Freddy Hajas
Synthpop producer, remixer & songwriter from Rio de Janeiro, Brazil. Hajas has made lots of remixes for bands from all five
continents as Droom, Real Life, Assemblage 23, Neverever, Information Society, Daybehavior, Anything Box, Iris, !distain, Noel and many more.
A blistering 15-track compilation of serrated electronic music that dares you not to cut yourself on its rough edges. It’s great! Bandcamp New & Notable Aug 20, 2022
